segunda-feira, 10 de maio de 2010

PESSOAS QUE DEVERIAM VIRAR HQ: TIM MAIA

por Jonas Tenfen

A vida de cada um daria um livro ou filme ou novela ou – por relação à temática do nosso blog – uma HQ. Não é a vida de todos (com alguma crueldade, posso afirmar de qualquer um, incluindo aqui a minha própria) que seria sucesso de público. É triste, mas é verdade...

Por sua vez, há algumas vidas tão ímpares, tão intensas que mesmo em uma biografia ou filme (ou etc) medíocres seriam um sucesso, garantiriam gargalhadas, lágrimas, as duas...

E, é claro, a primeira sugestão de uma pessoa que deveria virar um HQ é Tim Maia: um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos. Dono de uma voz inconfundível e de um humor oscilante, Tim Maia fez tudo como bem entendeu e desejou: muitos méritos tem por isso, muitas críticas também.

Alegava que foi professor de música de Roberto e Erasmo Carlos. Verdade absoluta ou parcial, os três, de fato, participaram de uma mesma banda na adolescência. Não é qualquer um que pode dizer por aí que ensinou o Rei a tocar violão (Rei à brasileira, mas, mesmo assim...)

As aventuras de Tim Maia nos EUA são um tratado sociológico sobre o frio, uma incursão cultural sobre a arte de vestir. Ali, depois de sair da casa dos seus protetores, precisou enfrentar a fome cotidianamente. Nada mais prático para isso do que as mil e uma funções dos imensos bolsos dos casacos de frio, melhor dizendo, as mil e uma coisas que ali dentro podem caber. Descoberto, foi convidado para um intercâmbio em uma penitenciária dos EUA, antes de ser extraditado.

E a imensa coleção de frase do mestre? Sobre segurança: “ô Gilsomendonça, o chinês é que é esperto. O chinês inventou o jiu-jítsu, o judô, foi misturando com caratê, artes marciais, defesa pessoal, e acabou inventando a pólvora. E depois fez logo o revólver, que ele não é maluco, mermão!”; sobre a economia mundial e a solução para as crises: “O mundo só vai ficar melhor depois de terminar o dinheiro. Porém, que não me falte nenhum enquanto ele não terminar.”; sobre seus hábitos: “Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho.”; sobre suas preferências: “Eu to aqui fazendo esse show para a Brahma, mas eu gosto mesmo é de um guaraná Antarctica.” E, como encerramento deste rápido compêndio, a clássica das clássicas, sobre a univocidade desta terra chamada Brasil: “O Brasil é o único país onde, além de puta gozar, cafetão ter ciúme e traficante ser viciado, pobre é de direita.”

Tim também teve seus problemas por causa das drogas. Usuário contumaz, apenas na infância e quando fez parte do Universo em Desencanto, que não queimou os seus bauruetes ou cheirou pó. Muito generoso, chegou a distribuir ácido (quando esse era ainda uma novidade no Brasil) em todos os setores de uma gravadora: do jurídico ao contábil. Espertalhão, pagou muitas vezes seus músicos com erva, inclusive aqueles que nunca fumaram, pararam ou tinham que levar comida para casa.

Há também os shows em que Tim Maia não apareceu, para desespero dos empresários. Drogas, problemas pessoais, birra, quem sabe? Não poderia ele estar em alguma missão, que a nós não é permitido descobrir? Pioneiro do jeito que era (e a Seroma é prova disso), poderia ele fazer parte de alguma liga de super-heróis tupiniquins ou, também não impossível, tendo uma viagem nesse sentido.

A vida de Tim Maia é tão grande que mal coube em uma biografia ou em entrevistas ao Jô Soares, não seria em um texto de blog que caberia. Mas em um HQ, quem sabe....

Para mais detalhes da vida de Tim, incluindo outras frases, há a biografia dele Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia, de Nelson Motta (de onde retirei as frases acima). Há também as entrevistas dele ao Jô Soares, disponíveis no YouTube.

Quem mais você, caro leitor do Cultura HQ, acha que deveria virar HQ? Deixe um comentário sobre isso e ganhe um Muito Obrigado de todos nós!

7 comentários:

  1. É verdade! Na real, acho que tem uma serie de músicos que poderiam ter não somente HQ como mini-series globais. Seria um avanço no registro no imaginário nacional.

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  2. Quem sabe o Steven Tyler??

    Bjos da Psic@!

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  3. Chegou-me por e-mail a notícia que um filme sobre a vida do Porteiro do Brasil estaria sendo cogitada. Mas, de HQ nada ainda...
    http://www.rollingstone.com.br/secoes/novas/noticias/5423/

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  4. Zé do Caixão, pois seus filmes são muito trash kkkk :o)

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  5. Com certeza Cassia ELLER...QUE VIDA CHEIA DE VONTADES!!! DE ADRENALINA DE CORAÇÃO CHEIO DE AMORESSSS..AIH CASSIA ...EU TE AMO!!!

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  6. Na verdade, eu acho que a vida de pessoas tão intensas daria HQs bem chatas [para o meu gosto, claro]. Meu contra-exemplo é o American Splendor mesmo: uma vida absolutamente anódina em uma HQ absolutamente fantástica.
    Só pra constar: eu gosto de filme iraniano e quase dormi no Watchmen...

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