domingo, 28 de março de 2010

NARUTO

por Jonas Tenfen*

Criado por Masashi Kishimoto, em 1999, NARUTO se tornou um dos mais conhecidos mangás e animês atualmente, e um dos maiores sucessos de todos os tempos. Ao menos no Brasil, pode-se afirmar com segurança que ele suplantou os já “clássicos” Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Pokémon, Yu-Gi-Oh, Yu Yu Hakusho, entre mais alguns outros. Apesar de todas as semelhanças como as narrativas (os torneios intermináveis, o desejo doentio de ser “o primeiro”, “o melhor”, “o invencível”...) e como os produtos (camisetas, bonequinhos, pôsteres et all), o sucesso de Naruto aqui se deu e se explica pelo momento histórico: criado e distribuído após a popularização da internet, se tornou primeiramente conhecido para depois ser exibido na televisão (como anime) e ser vendido nas bancas (como manga); ao contrário dos cincos supracitados que começaram a ser exibidos na TV para daí se tornarem populares.

NARUTO narra a história de Naruto Uzumaki, um garoto órfão que vive em uma aldeia ninja, a Vila Oculta da Folha, cuja função é servir de exército ao País do Fogo, que se parece muito, muito com o Japão, mas naturalmente, não é o Japão. Trata-se de um universo paralelo que possui rámen, comunicadores, pilhas, televisão e monitores de computador em um ambiente de arquitetura e organização política feudais.

Nesse mundo ninja também há as superarmas, trata-se de nove animais gigantes constituídos de pura energia (no caso, chakra) que são chamados de bijuus: sendo que quanto mais poderoso o bijuu, mais caudas ele possui – podendo ser de uma a nove. Naruto tem selada dentro de si a Raposa de Nove Caudas, também chamada de kyuubi, e grande parte do seu treinamento, antes de vir a ser um ninja de classe A, estava em como utilizar e aproveitar dessa massa de energia sem permitir que a kyuubi escape da sua prisão.

Por ter algo tão monstruoso dentro de si, Naruto sempre fora desprezado pelos outros moradores da Vila, que, no fundo, queriam se vingar nele pelas mortes que a kyuub causou. Diante disso, Naruto acalentou por muito tempo o desejo de se tornar o Hokage, o supremo líder militar e político: ninguém é mais respeitado e temido que o hokage na vila da Folha. Depois se descobriu, sem muito espanto dos leitores, que o homem que aprisionou a kyuubi dentro de Naruto, o quarto Hokage, era seu pai. Repito que foi uma revelação sem muitos ares de grande novidade: além dessa paternidade ter se tornado um spoiler muito recorrente, os traços e as tintas que desenhavam e pintavam o quarto hokage eram os mesmos que desenhavam e pintavam Naruto. Um spoilerzinho: sobre o pai de Naruto sabe-se muito pouco, menos ainda sobre a mãe.

Acima citamos que Naruto acalentava o desejo de se tornar o líder militar da vila; verbo propositalmente no passado. Suas metas agora são outras: o protagonista – mais que qualquer outro personagem – acompanha as guinadas que o roteiro dá. Percebe-se que o mangá se tornou mais popular do que o próprio autor sequer sonhara um dia. Para não perder público e ressignificar o velho esquema narrativo, o foco de NARUTO mudou: de uma busca incessante dos ninjas por poder (busca esta que inclui vender a alma a alguma entidade ou destruir a própria humanidade) a uma busca incessante pela paz no mundo ninja (ainda há várias facções diferentes porque há meios diferentes de se buscar “a paz”). Assim, a nova meta de Naruto é salvar seu colega, Sasuke Uchiha, do “mau caminho ninja” que ele tomou, de impedir o seu amigo de seguir adiante com os planos de extermínio em massa, consequência de uma vingança pessoal. O personagem Sasuke chega a ser tão popular quanto Naruto, por vezes suplantando por semanas o próprio protagonista nas aventuras e percalços do mangá – e, consequentemente, do anime também.

Recentemente, foi iniciada a “Quarta Grande Guerra Ninja” em que todas as vilas se envolverão em batalhas por objetos comuns; dando começo, talvez, ao fim do mangá. Nessa semana será publicado o de número 489, e há, com certeza, fôlego e personagens vivos para chegar à publicação de número 500. Mas dali passará?

A pergunta faz-se válida, pois quase todos os “vilões” já foram mortos, como acontece nessas narrativas quando estão próximas ao fim. Pode acontecer o mesmo que na edição número 245, onde Naruto ficou alguns anos mais velho: deixou de ser criança e passou a ser adolescente (leia-se que além de “dar um gás” na narrativa e nas lutas, essa maturação “deu um gás” nos bonequinhos e camisetas, pois os trajes e acessórios do protagonista e de alguns coadjuvantes passaram a ser outros).

Esses comentários sobre o fim de Naruto não passaram de especulações de um fã da série. Cabe dizer que encerraremos essas especulações por aqui, se não este texto corre o risco de se converter em spoiler.

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Para saber de tudo sobre o Naruto, mas de tudo mesmo – desde a origem dos personagens até os ideogramas que aparecem nas vestimentas – o sítio eletrônico indicado é http://www.narutoproject.com.br/. Apesar de uma rádio on-line um pouco irritante, este blog foi o primeiro a dar uma grande divulgação e distribuir material sobre o Naruto no Brasil, mantendo um acervo ótimo, com todos os animes e mangás até então. Para ler os mangás em inglês... corrigindo: para ler muitos mangás em inglês, acesse: http://www.onemanga.com/. Para acompanhar as novidades (como raws do mangá em japonês e traduções em primeira mão), boas discussões e spoilers, recomendo a comunidade no Orkut: Naruto Brasil, DatteBayo!!!


*Mestrando da Pós-graduação em Literatura da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

sábado, 27 de março de 2010

Dica de sexta: The Beatles Story



Apesar do "leve" atraso desta, serão mesmo de sexta as dicas para o seu fim de semana.

Hoje, indicamos, nada mais nada menos que The Beatles Story, lançada pela Marvel Comics, em 1978, com argumento e edição de David Kraft, com a colaboração de Don McGregor, e arte de George Pérez e Klaus Janson.

Essa HQ já circula por aí, mas as versões encontradas estavam com qualidade baixa, não ficando muito boas de ler no CDisplay, pois não ocupavam a tela toda. Sendo assim, reunimos imagens separadas, mas de boa qualdiade, indicadas pelo Goma de Mascar, e montamos um arquivo CBR, disponível aqui.

Se você gosta dos Beatles, vai se divertir com mais essa versão de sua história, se não conhece, pode ser a chance de conhecer e, quem sabe, passar a gostar, afinal, eles não passaram despercebidos por esse mundo, pois, como imaginou Brian Epstein: "They're going to be BIG - - Maybe even the biggest EVER."

Dica dada. Olho na tela e som na caixa!



PS: Se você é marinheiro de primeira viagem em leitura de HQ no computador, vai precisar do CDisplay, que é leve e fácil de instalar.


terça-feira, 23 de março de 2010

O UNIVERSO DE FÁBULAS


por Cleber Bicca*

As personagens das fábulas adentrando o mundo real parece ser o principal mote da série Fábulas (Vertigo, 2003), pelo menos a princípio. As tramas pessoais de personagens clássicos do pop cânon infantil se intercalam com uma trama maior baseada no exílio das terras natais na pequena (e magicamente grande) Cidade das Fábulas, uma rua ética, de acesso restrito, dentro de Nova Iorque. Bill Willingham conseguiu com maestria atribuir agilidade e coesão à trama. Personagens como Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel e Cachinhos Dourados, que cativaram muitas crianças pela beleza, meiguice e mesmo inocência, retornam como mulheres antenadas na cultura atual – uma delas assume, inclusive, a posição de guerrilheira e outra de super-espiã. O Lobo Mau continua a aterrorizar – mas dessa vez o foco são os inimigos declarados ou não da cidade de Fábulas. Algumas personagens como o João (sim, ele mesmo o Joãozinho) adquirem tal importância que acabaram recebendo edições especiais próprias, focando em suas histórias e tendo grandes crossovers com a história de fábulas. Talvez um dos grandes feitos de Fábulas seja exatamente isto: retomar personagens que povoam nosso imaginário através de uma inversão de papéis. Assim como nos colocávamos ao lado da Fera na dança com a Bela, as fábulas agora se projetam no nosso mundo, tendo que lidar com as mudanças culturais que envolveram os humanos nos últimos séculos. Eles almejam estar (e estão) entre nós e isso só é possível pela diáspora causada pelo Adversário, pelas características intrínsecas da personagem de cada fábula e, principalmente, pela capacidade de permanecerem longevos através da popularidade entre nós, humanos. Se este não for o que Dom Quixote significou para a novela de cavalaria é provável que as fábulas perdurem - entre nós - por mais mil anos.

Ilustração: 9,5 - Texto:9 - Trama geral: 9,0

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*Graduado em Letras Espanhol pela UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dica de sexta: "Promessas..." de Pedro Franz nas bancas

Já está impressa e disponível a HQ Promessas de amor a desconhecidos enquanto espero o fim do mundo, de Pedro Franz. O volume 1, intitulado Limbo, foi lançado no último dia 13, em São Paulo. Tive o prazer de colaborar na revisão do texto desse trabalho e recomendo a leitura. Não farei (nesse momento) spoilers ou mais comentários porque Promessas... está disponível no blog do autor para download, acesse e prestigie essa iniciativa e mais esse passo do quadrinho nacional (sem ufanismos desnecessários!). Gostando, adquira a versão impressa, eu estou esperando a minha ansioso.

Boa sexta!!!

Serviço:

Promessas de amor a desconhecidos enquanto espero o fim do mundo.

VOL 1. LIMBO

  • 68 páginas – contendo os quatro primeiro capítulos já disponíveis no site
  • Capa colorida + miolo Preto e Branco
  • Papel Jornal 55g
  • Formato fechado 210×294mm
  • Valor R$10,00

quarta-feira, 17 de março de 2010

Gail Simone e o Sexteto Secreto: existe mesmo o tal “toque feminino”?



Gail Simone comandou a nova fase do Sexteto Secreto por 14 edições. O arco das histórias teve como pano de fundo a Crise Infinita, sendo a nova formação iniciada no primeiro volume de Vilões Unidos, quando a negativa ao convite de Luthor os tornou alvo da Sociedade Secreta de Supervilões. Entre perdas e danos, o Sexteto seguiu adiante, passando pela busca de um cartão que supostamente daria passe livre do Inferno ao seu portador, descobrindo que o “vilão” envolvido nessa trama tem laços de parentescos com um dos Secretos, e, também, foi parar em uma ilha-prisão, onde Amazonas, entre elas Ártemis, eram mantidas em cativeiro, o que provoca a fúria da própria princesa Diana que, após ser nocauteada pela banshee do Sexteto, quase se torna vítima do demônio Grendel.

Aos farrapos, o Sexteto deixa a ilha e parte para novas aventuras, sendo a primeira delas focada no Pistoleiro, com roteiro de John Ostrander, que desloca o foco para a origem do Pistoleiro, num revival de sua aparição e engodo sobre Gotham City, enquanto, no presente, ele parece passar por uma revisão de conceitos, numa possível reformulação de atitudes. O que chama a atenção nessa história é o foco em apenas uma personagem, masculina, e o aparente distanciamento de temas que Simone tão bem tratou, emaranhados com bom humor e com dose certa de dramaticidade às peripécias do grupo, como a perda e possível reconquista do amor por parte de Escândalo, bem como sua inconclusa ‘relação paternal’ com Bane, além do próprio episódio na citada ilha-prisão, em que o foco da narrativa se equilibra nas ações das personagens masculinas e femininas, evidentemente com esse lado ganhando força com a presença da Mulher-Maravilha e suas irmãs Amazonas.

Não quero afirmar que tem que ser mulher para (saber) falar de mulher ou que tem que ser homem para contar histórias sobre homens, mas quero ressaltar que ficou aparente essa ruptura estilística no modo de trabalho dos dois autores, mesmo considerando que Simone está mais tempo à frente dos roteiros do Sexteto e já os "conhece" bem. O trabalho de Ostrander com o Sexteto se resumiu a esse número e teve um caráter especial. Na edição seguinte (#16), vimos a equipe se envolvendo no "resgate" de um assassino molestador de meninas, assistidos de perto por uma aspirante a membro do grupo, uma poderosa garota de apenas 16 anos. É a boa e velha Gail colocando as "meninas e meninos" em situações cada vez mais complicadas, extraindo o que cada um tem de ruim e de pior para que o "time" permaneça de pé.

De resto, vale ressaltar as belas capas que as edições do Sexteto têm recebido e a torcida para que esse material ganhe versão impressa no Brasil.