quarta-feira, 17 de março de 2010

Gail Simone e o Sexteto Secreto: existe mesmo o tal “toque feminino”?



Gail Simone comandou a nova fase do Sexteto Secreto por 14 edições. O arco das histórias teve como pano de fundo a Crise Infinita, sendo a nova formação iniciada no primeiro volume de Vilões Unidos, quando a negativa ao convite de Luthor os tornou alvo da Sociedade Secreta de Supervilões. Entre perdas e danos, o Sexteto seguiu adiante, passando pela busca de um cartão que supostamente daria passe livre do Inferno ao seu portador, descobrindo que o “vilão” envolvido nessa trama tem laços de parentescos com um dos Secretos, e, também, foi parar em uma ilha-prisão, onde Amazonas, entre elas Ártemis, eram mantidas em cativeiro, o que provoca a fúria da própria princesa Diana que, após ser nocauteada pela banshee do Sexteto, quase se torna vítima do demônio Grendel.

Aos farrapos, o Sexteto deixa a ilha e parte para novas aventuras, sendo a primeira delas focada no Pistoleiro, com roteiro de John Ostrander, que desloca o foco para a origem do Pistoleiro, num revival de sua aparição e engodo sobre Gotham City, enquanto, no presente, ele parece passar por uma revisão de conceitos, numa possível reformulação de atitudes. O que chama a atenção nessa história é o foco em apenas uma personagem, masculina, e o aparente distanciamento de temas que Simone tão bem tratou, emaranhados com bom humor e com dose certa de dramaticidade às peripécias do grupo, como a perda e possível reconquista do amor por parte de Escândalo, bem como sua inconclusa ‘relação paternal’ com Bane, além do próprio episódio na citada ilha-prisão, em que o foco da narrativa se equilibra nas ações das personagens masculinas e femininas, evidentemente com esse lado ganhando força com a presença da Mulher-Maravilha e suas irmãs Amazonas.

Não quero afirmar que tem que ser mulher para (saber) falar de mulher ou que tem que ser homem para contar histórias sobre homens, mas quero ressaltar que ficou aparente essa ruptura estilística no modo de trabalho dos dois autores, mesmo considerando que Simone está mais tempo à frente dos roteiros do Sexteto e já os "conhece" bem. O trabalho de Ostrander com o Sexteto se resumiu a esse número e teve um caráter especial. Na edição seguinte (#16), vimos a equipe se envolvendo no "resgate" de um assassino molestador de meninas, assistidos de perto por uma aspirante a membro do grupo, uma poderosa garota de apenas 16 anos. É a boa e velha Gail colocando as "meninas e meninos" em situações cada vez mais complicadas, extraindo o que cada um tem de ruim e de pior para que o "time" permaneça de pé.

De resto, vale ressaltar as belas capas que as edições do Sexteto têm recebido e a torcida para que esse material ganhe versão impressa no Brasil.

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